Um trecho do “Discurso Preliminar” à Enciclopédia ou Dicionário Razoado das Ciências, das Artes e dos Ofícios, editada pelos filósofos iluministas Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert, que é útil à prática da reportagem:
(…) foi necessário dar, a cada matéria, uma extensão conveniente, insistir no essencial, negligenciar as minúcias e evitar um defeito bastante comum, o de insistir no que só exige uma palavra, provar o que ninguém contesta e comentar o que é claro. Não poupamos nem prodigamos os esclarecimentos. Julgar-se-á se eram necessário em todos os lugares em que os colocamos e que teriam sido supérfluos onde não serão encontrados. Tivemos ainda o cuidado de não acumular provas, quando julgamos que uma única argumentação sólida seria suficiente, e as multiplicamos tão somente nas ocasiões em que sua força dependia de seu número e da concordância entre elas. [p. 229]
A extensão conveniente, o insistir no essencial, o negligenciar as minúcias — todos são atributos que podem se dar à busca da objetividade (podemos questionar como avaliar o que é ou não é “minúcia”). O esclarecimento na medida do que é preciso também se adequa à prática jornalística, que parte também da ideia de ser rápida, informando nos espaços de um cotidiano de trabalho. A última parte pode falar aos jornalistas investigativos, de artes ou de ideias: a sustentação de uma denúncia, de uma crítica ou de um ensaio exige equilibrada carga de comprovação. É necessário saber se se onera o leitor em demasia.