Em 1943, Antonio Candido, um dos mais importantes críticos literários da história do país, iniciou a publicação de colunas na Folha de S.Paulo. O primeiro artigo, chamado “Ouverture“, fazia uma reflexão sobre o trabalho da crítica, e estabelecia os critérios para a futura atuação do autor naquele espaço. A partir desse texto — extraindo dele algumas perguntas —, desenvolvi uma série de entrevistas aqui no blog com críticos literários brasileiros.
Falamos com Sérgio Tavares, jornalista e escritor, autor dos romances Queda da Própria Altura e Cavala (vencedor do Prêmio Sesc de Literatura). Mantém os blogs A Nova Crítica e Drops, extensão do anterior com abordagens mais curtas.
O que é a crítica para você?
Gosto de pensar a crítica como um guia para apresentar e aproximar o leitor de um livro.
No campo da crítica, qual a sua ética?
Minha ética é a imparcialidade, a completa liberdade para expressar minhas impressões, independente de como serão recebidas pelo meio.
Quais imposições que se faz?
Ler com o máximo de atenção, fazer os apontamentos mais detalhados e usá-los para dar forma a um texto que seja uma mescla entre experiência subjetiva e conhecimento técnico.
Quais os princípios de trabalho com os quais não transige?
Ser coerente e justo com minhas percepções e, consequentemente, ser coerente e justo com o livro. Não tenho interesse algum em escrever crítica negativa para me autopromover. Acho cafona. Por mais brilhante que seja o texto crítico, ele nunca será maior que o livro, pelo simples fato de que não existiria se não houvesse o livro.
Qual a qualidade básica no trabalho do crítico?
Escrever sobre o livro que existe e não sobre o livro que ele gostaria que existisse.
Quando o crítico sabe que sua missão está cumprida?
Quando alguém lhe confessa que chegou até um livro por conta de seu texto.
O que seria um crítico sem doutrina?
Aquele que tem editora ou autor de estimação.