No dia 17 de junho, o Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão de jornalista, por decisão quase unânime, restando um voto contrário. Quais as consequências disto para o jornalismo cultural? Essa matéria traz a opinião de duas pessoas importantes no cenário do jornalismo cultural brasileiro: o diretor de redação de Bravo! João Gabriel de Lima e a editora de Cult, Daysi Bregantini.
“Um diploma não garante nada”, disse Bregantini. “Acredito na educação formal, mas ela é insuficiente. Tem que ler muito e ter um interesse genuíno pelo conhecimento”. Lima segue a mesma opinião: “O diploma de comunicação a meu ver é apenas um primeiro passo na formação. O jornalista que quer se especializar deve sempre buscar cursos na área em que deseja atuar — além de ler muito, se atualizar e estudar autodidaticamente. Isso vale para cultura, política, economia etc”.
Ainda o diretor de Bravo!: “Sempre defendi outras formas de acesso ao jornalismo que fossem além do diploma — cursos de pós-graduação em outras áreas, voltados para o jornalismo, por exemplo. Assim, um economista poderia fazer uma extensão em jornalismo e trabalhar na imprensa. Talvez o final do diploma motive nas universidades o desenvolvimento de outros tipos de formação. Vamos aguardar”. Bregantini acredita que ainda é cedo para fazer prognósticos: “Por enquanto, não sei. É muito recente e impossível avaliar perdas ou ganhos”.
Perguntei se o jornalismo cultural teria a ganhar com a participação de artistas, escritores, etc, nas redações. A pergunta vinha das discussões ocorridas em um curso de jornalismo cultural promovido pelo Espaço Cult de que participei. Uma atriz criticava exatamente isso: a falta de artistas escrevendo nas revistas e jornais. Bregantini não concorda com isso: “Já é uma prática antiga a colaboração de especialistas em diversas áreas do conhecimento no jornalismo cultural. Aliás, a revista Cult sempre contou com a participação de acadêmicos em suas edições. Eles são fundamentais”.
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