Este trecho de Os Pecados dos Pais, livro de Lawrence Block, descreve o trabalho de investigação como a a produção de uma imagem — aproximada, necessariamente imperfeita. Creio que se aplica ao jornalismo:
Eu disse:
— Sabe o que é um kit de retratos para identificação, Hanniford? Provavelmente você já viu em reportagens de jornal. Quando a polícia tem uma testemunha ocular, usa esse kit de transparências para compor a imagem de um suspeito a partir de seus diferentes componentes: “O nariz era como este? Ou este outro é mais parecido? Maior? Mais largo? E as orelhas? Que par de orelhas chegam mais perto?”. Até que os traços reunidos formem um rosto.
— É, eu sei como funciona.
— Então você também já deve ter visto fotografias reais de suspeitos ao lado dos retratos feitos com esses kits. Eles nunca se parecem entre si, especialmente para olhos não treinados. Mas existe uma semelhança concreta, e um policial treinado pode fazer muito bom uso disso. Percebe aonde eu quero chegar? Você quer fotografias de sua filha e do garoto que a matou. Eu não estou equipado para lhe fornecer isso. Ninguém está. Posso acumular fatos e impressões e elaborar um desses retratos artificiais, mas o resultado talvez não chegue nem perto do que você desejaria. (…)
Bom ter isso em mente quando for fazer um perfil?
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